Quem nunca pegou um paciente novo em consultório que te procura de última hora e diz:
- E AGORA O QUE EU FAÇO? ME DIGA O QUE FAZER?
(Spoiler: Não dizemos rs)
Com a disseminação da Psicologia e um maior entendimento dessa ciência, a procura de psicoterapia com o propósito de autoconhecimento é cada vez maior, e isso nos deixa muito felizes. Contudo, ainda temos uma cultura onde o conceito de saúde preventiva não é muito utilizado. É comum que as pessoas esperem o problema aparecer para então, em cima da hora, buscar uma solução. Isso acontece com a saúde física, com a manutenção de aparelhos, carros; com os estudos para uma prova... enfim, os exemplos são inúmeros.
A maioria das pessoas esperam que algo aconteça para enfim buscar de última hora a solução dos problemas. E por que isso acontece?
Posso dizer que é uma questão cultural. A educação e estimulação ao processo de autoconhecimento é escassa de maneira proposital; quanto menos autonomia o individuo tem, mais necessidade de ser dominado e orientado por uma figura de “liderança” ele terá. Para quem lidera, isso é sensacional e por isso essa cultura é repassada (de maneira subentendida) desde muito cedo para quase todos.
Com isso, principalmente as pessoas de menos repertório e conhecimento, se sentem impotentes e com uma alta necessidade do “outro” para solucionar seus problemas, pois sozinhas “não conseguem”.
Pensemos então que a sociedade não estimula a autorresponsabilidade, que por sua vez, é uma das metas da terapia psicológica. E sem autorresponsabilidade e sem ideia de saúde preventiva, a psicoterapia para muitos se torna S.O.S – busco quando estou desesperado por uma solução de algo.
Sendo assim, ainda existe uma ideia que a busca por psicoterapia deve ser feita quando se há algum problema/crise;/sintoma emocional na vida de alguém.
Está errado? Não! Porém não são só nesses momentos que se deve m buscar um processo de autoconhecimento.
Exames e diagnósticos são excelentes ferramentas para se perceber os sintomas e doenças e traçar estratégias e caminhos para a solução e cura. Dentro da saúde psicológica o ideal seria fazer a mesma coisa, não precisar chegar no ponto de ser ter crises e/ou doenças psicológicas para buscar apoio.
Mas o que normalmente acontece é pensar que o processo de psicoterapia é S.O.S.
Numa situação de crise, desespero, urgência e/ou emergência a pessoa busca de última hora um psicólogo para ser a solução de seus problemas. E para isso estou aqui, para dizer que infelizmente não somos.
Não curamos sua tristeza em uma sessão e nem damos conselhos milagrosos.
Um bom profissional da psicologia não aceita um paciente durante uma crise emocional (pânico/ansiedade e etc), e sim, encaminha ao médico, para exames e se necessário medicação.
O processo de psicoterapia tem esse nome exatamente por isso; por ser um processo e não uma solução imediata.
A ideia de um processo de psicoterapia é estimular a autorresponsabilidade do seu paciente para que ele entenda que não se deve deixar para a última hora e nem projetar no outro (pais, amigos, professores, terapeutas, médicos, políticos...) a solução de seus problemas.
Pensemos que psiquicamente, é covardia se deixar para outro a responsabilidade de solucionar um problema que é seu. Até porque, psiquicamente para aquele individuo, se o outro não consegue solucionar seu problema, a culpa é do outro e não de si.
Entendem a pegadinha que a psique faz consigo mesma?
Vamos juntos lutar por um mundo onde a saúde preventiva e o autoconhecimento sejam estimulados desde cedo. Que a autorresponsabilidade passe a ser uma competência valorizada.
Já existem inúmeras pesquisas que afirmam que empresas que valorizam e estimulam a saúde preventiva (física e psicológica), reduz drasticamente o número de ausências e de licenças e têm um resultado muito melhor.
Vamos juntos nessa?
O que você pensa do assunto?
Psicoterapia não é S.O.S.
Um beijo,
Psi. Dani Castelani
CRP: 06/131496