Eu sempre foco na importância do autoconhecimento para tomarmos consciência de que, naturalmente, julgamos o outro de acordo com a nossa ótica e métrica.

Não escolhemos fazer isso — os cientistas já confirmaram que, biologicamente, nosso cérebro é programado para realizar julgamentos em frações de segundos, e assim o fazemos, por sermos reféns da nossa biologia.

Esses julgamentos estão fortemente ligados à nossa criação, experiências de vida e moralidade.

Neste contexto, a partir do momento em que há minimamente um autoconhecimento, as pessoas tendem a parar de projetar no outro suas “verdades absolutas” e passam a respeitar o outro do jeitinho que ele é — no que ele escolher ser e fazer ou não.

Recebemos condicionamentos o tempo todo: pelos estímulos do celular, fotos, mídias sociais, novelas, séries, músicas e programas de TV, assim como pelos valores da ancestralidade, família, religião e cultura, que nos dizem o que faz feliz ou não, como se existissem regras e como se todos os seres humanos se comportassem da mesma forma diante de um mesmo contexto — o que é um mito!

Quando falamos sobre felicidade, há diversas opiniões sobre o que faz alguém feliz ou não, e, tratando-se de relacionamentos, cada um tem sua verdade absoluta e seus conselhos sobre o assunto.

Aproveitando que estamos no Valentine’s Day em todo o mundo, quero falar sobre relacionamentos amorosos e felicidade, e desmistificar algumas frases que a sociedade reproduz de forma errônea, sem ao menos pensar no que está falando.

Vamos lá?

1 — Com certeza você já ouviu alguém dizer:

“Termine seu relacionamento e vá viver a vida!”

Já parou para pensar o quanto essa frase é toda errada?

Em que momento da nossa história a sociedade subentendeu que, quando se está num relacionamento, não se vive a vida?

Para problematizar essa frase, primeiro precisamos entender o que é “viver a vida” (que é um conceito subjetivo para cada um).

Ninguém escolhe se relacionar para ser infeliz e/ou para dar errado. É mais do que possível e comum que as pessoas vivam a vida com muita qualidade num relacionamento — inclusive, esse é o ideal da relação.

É importante desmistificar essa ideia de que pessoas comprometidas não vivem, porque vivem sim, e com muita alegria e felicidade dentro de um relacionamento.

Quanto mais reproduzimos essa frase, mais as pessoas se fecham ao entrarem numa relação, deixam de fazer coisas que gostam e que as deixam felizes e, com o tempo, têm o desgaste de uma relação simplesmente por acreditarem que entrar numa relação é se privar de várias outras coisas — o que é mentira.

É possível manter a essência dentro de um relacionamento, e vocês não devem aceitar menos que isso, está bem?

2 — Quantas vezes você já não escutou:

“Desejo que você encontre alguém e seja muito feliz.”

Em que momento da nossa história a sociedade subentendeu que uma pessoa solteira não é feliz?

Eu acho interessante o quanto as pessoas desejam coisas para os outros sem ao menos perguntar antes se elas são felizes ou não. Muitas vezes, uma pessoa solteira está mais feliz do que alguém num relacionamento que não lhe satisfaz.

Pesquisas comprovam que cada vez mais pessoas escolhem estar solteiras pelo simples fato de se sentirem mais felizes assim.

Graças às transformações realizadas na nossa sociedade, as pessoas se sentem cada vez mais seguras para sair de relacionamentos tóxicos e abusivos e perceber que a qualidade de vida de um solteiro é muito grande — o que faz com que não aceitem qualquer coisa e, por vezes, até escolham estar solteiras mesmo tendo oportunidades de entrar numa relação.

Por isso, antes de “aconselhar” qualquer pessoa com uma dessas frases, faça uma pergunta para ela:

“Você é feliz?”

Porque felicidade não tem norma nem regra, e cada pessoa escolhe ser feliz do seu jeitinho.

Vamos aproveitar essa data linda para celebrar o amor — amor ao outro e amor próprio.

Happy Valentine’s Day! <3

Psicóloga Daniele Castelani – CRP: 06/131496